Campo Grande , 20 de novembro de 2024

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Rio Paraguai registra nível mais baixo da história devido à seca

Nível do rio está 62 cm abaixo da cota de referência, superando marca anterior registrada em 1964; seca afeta economia e meio ambiente no Pantanal

O Rio Paraguai atingiu seu nível mais baixo desde o início das medições, segundo o Serviço Geológico Brasileiro (SGB). A marca atual é de 62 centímetros abaixo da cota de referência, superando a mínima anterior registrada em 1964, de 61 cm. As medições são feitas desde 1900 no posto de Ladário, localizado em Corumbá (MS), na fronteira com Porto Quijarro, na Bolívia.

A cota de referência padrão é de 5 metros de profundidade média, de acordo com o Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul), que emitiu um alerta sobre o recorde histórico na última quarta-feira (9). A estação de Ladário serve como base para a Marinha na análise das condições de navegação e para definir restrições.

Impactos ambientais e econômicos

O Rio Paraguai é essencial para a bacia que cobre parte dos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, além de seguir para o Paraguai e a Argentina. A região enfrenta uma seca histórica que tem afetado diretamente o Pantanal, uma das maiores áreas úmidas contínuas do mundo. Segundo a Agência Nacional de Águas (ANA), a bacia ocupa 4,3% do território brasileiro e é crucial para a biodiversidade e economia local, afetando especialmente o turismo e a pesca.

“A seca vem sendo observada em razão das chuvas abaixo do normal durante toda a estação chuvosa, desde outubro de 2023. Por isso, temos alertado sobre esse processo que se desenhava na bacia”, explica o pesquisador Marcus Suassuna, do SGB. As nascentes do rio são alimentadas por águas que vêm da Amazônia, incluindo o Rio Negro, que também tem sofrido com a seca.

O Imasul reforça que a redução drástica no nível do rio está relacionada à variabilidade climática e à escassez de chuvas, afetando diretamente a biodiversidade e as comunidades ribeirinhas. “O Pantanal, um dos biomas mais frágeis e importantes do planeta, está particularmente vulnerável a essas mudanças”, destaca o instituto.

Recuperação lenta e alertas de navegação

De acordo com o SGB, a recuperação dos níveis na Bacia do Rio Paraguai será lenta, com previsões indicando que o nível permanecerá abaixo da cota até a segunda quinzena de novembro. “Observamos que o ritmo de descida do rio tem diminuído consideravelmente e estava estabilizado desde a última segunda-feira (7) em razão dessas primeiras chuvas da estação chuvosa”, afirma Suassuna.

Ainda segundo o SGB, o déficit acumulado de chuvas durante a estação chuvosa iniciada em outubro de 2023 foi de 395 mm, sendo registrado um total de 702 mm, muito abaixo da média esperada de 1.097 mm. As previsões indicam que a recuperação dos níveis será gradual, com algumas chuvas nas próximas semanas ajudando a estabilizar o rio em pontos críticos como Ladário e Porto Murtinho.

A Marinha continua emitindo alertas para a navegação no Rio Paraguai, recomendando atenção redobrada aos navegantes devido ao surgimento de bancos de areia e rochas, que comprometem a segurança. “Em virtude do rígido regime de seca observado no Rio Paraguai, os navegantes devem fazer uso da carta náutica em vigor e manter uma velocidade segura,” orienta a instituição.

O Rio Paraguai é um importante corredor de integração regional e uma das hidrovias que a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) planeja conceder à iniciativa privada para melhorar o transporte de cargas, especialmente produtos agrícolas e minerais.

Fonte: Agência Brasil
Foto: MME

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