Recuperação ambiental no Parque das Nações Indígenas melhora ecossistema local e reduz assoreamento do Lago Maior após intervenções do Imasul
O projeto de reflorestamento da nascente do Córrego Joaquim Português, localizado no Parque das Nações Indígenas, em Campo Grande, já começa a apresentar resultados impressionantes após anos de degradação. A área, que sofreu intensamente com a erosão e o assoreamento, comprometendo a fauna e a flora local, passa agora por um processo de recuperação liderado pelo Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul).
A erosão, que prejudicou a nascente e o Lago Maior, um dos principais pontos turísticos da cidade, trouxe consigo graves consequências para o ecossistema da região. Sedimentos arrastados pela enxurrada afetaram diretamente o lago, situado cerca de dois quilômetros abaixo da nascente, causando assoreamento e danos à biodiversidade. No entanto, o reflorestamento da área, iniciado há algum tempo, já está mostrando sinais positivos de revitalização.
Segundo o Imasul, as árvores nativas do Cerrado, como ipês, angicos, jacarandás e outras espécies, já estão florescendo, um claro indicativo de que a vegetação está se restabelecendo. Além de contribuir para a restauração da vegetação local, essas árvores desempenham um papel fundamental na proteção do solo, prevenindo novas erosões e oferecendo sombra e abrigo para a fauna da região.
A escolha criteriosa das espécies plantadas levou em consideração as características do solo e do clima da área, o que tem garantido uma adaptação eficiente das plantas. Com o reflorestamento, o ecossistema da nascente começa a se equilibrar novamente, criando condições favoráveis para o retorno de animais nativos e a preservação das águas.
Ações estruturantes e controle de sedimentos
O projeto de recuperação da nascente do Córrego Joaquim Português contou com um investimento de R$ 4,7 milhões, oriundos de compensação ambiental. Entre as principais intervenções, destaca-se a reversão da tubulação de águas pluviais, que passou a desaguar em uma bacia de contenção localizada do outro lado da Avenida do Poeta. Além disso, os taludes, que haviam sido gravemente erodidos, foram reconformados para evitar o desmoronamento de terra.
Um dos resultados mais expressivos da recuperação ambiental é a redução significativa da quantidade de sedimentos que antes eram arrastados para o Lago Maior. A implementação de lagos de contenção ao longo do curso d’água tem sido crucial para impedir que o material erodido chegue ao lago, reduzindo assim o assoreamento e a necessidade de constantes limpezas.
Esses lagos, localizados estrategicamente abaixo da área de intervenção, atuam como barreiras naturais, retendo os sedimentos. Antes das obras, eles enchiam rapidamente após eventos de chuva, exigindo limpezas frequentes. Agora, com a estabilização do solo e a vegetação retomando seu curso natural, o volume de sedimentos transportados pela enxurrada diminuiu consideravelmente.
Thais Caramori, diretora de Desenvolvimento do Imasul, explicou a importância da eficácia dessas intervenções. “A maior eficiência dos lagos de contenção reflete diretamente o sucesso das medidas adotadas. A recuperação da nascente não apenas estabilizou a região erodida, mas também reduziu o impacto ambiental no Lago Maior, garantindo a preservação do ecossistema local”, destacou.
A história da degradação e a recuperação
A erosão que afligiu a nascente do Córrego Joaquim Português teve início em 2003, com a urbanização acelerada da região, o que provocou a formação de uma enorme cratera com cerca de 140 metros de comprimento e até 6 metros de profundidade. O solo foi gravemente comprometido, levando à formação de ravinas e desfiladeiros que modificaram drasticamente a paisagem.
Para reverter esse quadro, uma das medidas mais importantes foi o desassoreamento do Lago Maior, que acumulava 140 mil metros cúbicos de sedimentos. Essa obra, realizada em parceria com a Prefeitura de Campo Grande e com um custo de R$ 1,5 milhão, restaurou as condições naturais do lago e trouxe benefícios significativos para a fauna aquática.
Além disso, mais de 700 mudas de árvores nativas foram plantadas na área da nascente, incluindo espécies como jacarandás e ipês. Essas mudas foram cuidadosamente selecionadas para se adaptarem ao ambiente local, acelerando o processo de recuperação do solo e da vegetação.
Embora cerca de 20% das mudas tenham sido perdidas devido a fatores ambientais, novas plantações foram realizadas para compensar essa perda. Entre as novas espécies introduzidas estão angicos, copaíbas e cumbarus, que têm mostrado uma boa adaptação.
Desafios e medidas de conservação
Apesar dos resultados positivos, o projeto de reflorestamento ainda enfrenta desafios contínuos. O controle de plantas invasoras, como a braquiária, é uma das principais preocupações. Essas espécies competem por recursos com as mudas nativas, dificultando o processo de recuperação.
Para mitigar esses impactos, foram adotadas algumas estratégias, como o uso de plantas pioneiras, como o fedegoso gigante, que oferece sombra às mudas mais jovens. Além disso, o uso de materiais orgânicos, como bagaço de cana e cascas de coco, tem sido fundamental para manter a umidade do solo, garantindo melhores condições de sobrevivência para as mudas em períodos de seca.
Adriana Damião, fiscal ambiental do Imasul, destacou que o projeto vai além da recuperação da flora: “Já estamos notando o retorno da fauna local, com o reaparecimento de espécies como cobras, antas, quatis e diversas aves. Esse é um claro sinal de que o ecossistema está se regenerando.”
Sustentabilidade e futuro promissor
A restauração da nascente do Córrego Joaquim Português é parte de um esforço contínuo para proteger o Parque das Nações Indígenas e garantir sua sustentabilidade a longo prazo. O diretor-presidente do Imasul, André Borges, ressaltou que o sucesso do projeto demonstra o compromisso do instituto com a preservação ambiental.
“Esse projeto é uma vitória para o meio ambiente e um exemplo de como ações coordenadas podem reverter décadas de degradação. Estamos trabalhando para garantir que as futuras gerações possam desfrutar de um Parque das Nações Indígenas equilibrado e saudável”, afirmou Borges.
Com a recuperação bem-sucedida da nascente e a estabilização da área erodida, o projeto reforça a importância da colaboração entre o poder público e os órgãos ambientais na preservação do meio ambiente.
Fonte/Foto: Imasul