Campo Grande , 26 de novembro de 2024

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Influenza aviária preocupa autoridades brasileiras

Ministério da Agricultura declara emergência zoossanitária e orienta avicultores a adotarem medidas de proteção.

A produção agropecuária do Brasil está enfrentando mais um desafio preocupante. O país está em estado de alerta devido à proximidade da influenza aviária, uma doença causada por subtipos de vírus altamente patogênicos que ameaçam as aves. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento declarou emergência zoossanitária diante dessa situação, uma vez que a doença é grave e letal para o plantel. É obrigatório notificar imediatamente os órgãos oficiais nacionais e internacionais de controle de saúde animal.

No dia 15 de maio, a doença foi diagnosticada em duas aves marinhas da espécie trinta-réis-de-bando e em uma ave migratória da espécie atobá-pardo, no litoral do Espírito Santo. No final de semana, foram registrados novos casos, incluindo um no Rio de Janeiro.

Especialistas ressaltam que, mesmo com a presença do vírus em aves marinhas, o Brasil não perde seu status de país livre da Influenza Aviária de Alta Patogenicidade, o que permite a manutenção do comércio internacional. No entanto, o estado de alerta deve ser mantido e as medidas de prevenção devem ser reforçadas.

O alerta se deve principalmente ao impacto que a doença pode causar na avicultura, tanto em termos econômicos para o país quanto para os pequenos avicultores. Everton Krabbe, chefe-geral da Embrapa Suínos e Aves, destaca que se a doença afetar os plantéis comerciais do Brasil, isso terá um impacto significativo na produção e na vida dos produtores. A influenza aviária não é exclusiva da avicultura industrial, mas afeta toda a avicultura, representando uma ameaça letal para as aves. Krabbe alerta que os pequenos avicultores correm o risco de perder sua produção, o que muitas vezes significa perder sua subsistência.

Atualmente, o Brasil é o maior exportador de carne de frango do mundo, atendendo a 145 países, e a avicultura é uma atividade que emprega um grande número de pessoas. Portanto, a atenção à avicultura neste momento é crucial, e a responsabilidade de implementar barreiras contra o vírus é de todos, ressalta Krabbe.

Medidas de segurança

Diante dessa situação, surge a pergunta: como evitar a entrada da doença no país e proteger nossa produção e nossos avicultores? Essa tem sido uma das principais questões abordadas pelos especialistas da Embrapa Suínos e Aves nas últimas semanas. A resposta está na biosseguridade, que envolve uma série de estruturas e medidas para proteger os plantéis e reduzir os riscos sanitários nas granjas. Essas regras se aplicam a todos os sistemas de produção, desde o comercial e industrial até o colonial.

A proteção da granja é a primeira medida que os produtores devem adotar, estabelecendo limites de acesso que dividem a área em “suja”, de interface e “limpa”. A área suja corresponde ao espaço fora da granja, onde é mais difícil controlar o fluxo de pessoas, veículos e agentes transmissores. Já a área de interface engloba a portaria da granja e todo o perímetro ao redor, incluindo vestiários, escritório, portão de acesso e arco de desinfecção. A área limpa refere-se à parte interna da granja, que é protegida e onde o produtor pode aplicar as normas e regras de biosseguridade. Entre as medidas de proteção estão o isolamento da área de produção, a instalação de telas antipássaro, o uso de um único acesso às granjas, áreas de desinfecção e controle de visitantes, além do uso de água potável de qualidade, livre do acesso direto ou indireto de aves, e a cloração da água.

As orientações de biosseguridade não se aplicam apenas às granjas comerciais, mas também à produção em pequena escala ou de subsistência, pois são medidas essenciais para prevenir a disseminação de doenças. É fundamental que os produtores em pequena escala sigam todas as regras de biosseguridade, inclusive na aquisição de aves, que devem ser adquiridas apenas com Guia de Trânsito Animal (GTA) e Nota Fiscal, garantindo sua procedência e saúde.

Outro ponto crítico para os pequenos produtores é a criação colonial, na qual as aves têm acesso à área externa. Nesses casos, é necessário manter os piquetes protegidos com cercas, afastadas pelo menos cinco metros do perímetro limite. Além disso, as aves não devem circular livremente pela propriedade, mas ser mantidas em um perímetro de controle cercado. Os pesquisadores também recomendam evitar o contato entre as galinhas e frangos de corte e outras criações, como patos, marrecos ou aves aquáticas, que podem ser hospedeiras e transmissoras do vírus.

É importante destacar que os principais sintomas da doença no plantel incluem mortalidade repentina de muitas aves em um curto período de tempo (menos de 48 horas), falta de coordenação motora, andar cambaleante, inclinação da cabeça, inchaço nos olhos, cabeça, pescoço e juntas das pernas, além de apatia e alterações na coloração da crista e barbela. Ao identificar esses sinais, o produtor deve comunicar imediatamente o Serviço de Defesa Agropecuária Oficial da região. Caso as aves estejam em piquetes, elas devem ser imediatamente isoladas no aviário, e nenhum equipamento ou utensílio deve ser retirado do local. Além disso, é necessário trocar de roupas e calçados e tomar banho após o contato com as aves. As roupas e calçados contaminados devem ser colocados em saco plástico fechado até receber orientação de um profissional da Defesa Sanitária.

Para orientar os produtores e a sociedade em geral, a Embrapa Suínos e Aves preparou uma página especial em seu portal (https://www.embrapa.br/suinos-e-aves/influenza-aviaria) com documentos, vídeos, publicações, links úteis, telefones de emergência e materiais didáticos. É fundamental seguir as medidas de biosseguridade e estar atento aos sinais da doença, garantindo a saúde das aves e a segurança da produção avícola no Brasil.

NCO Embrapa Suínos e Aves
Foto: NCO Embrapa Suínos e Aves

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