Mulheres são as maiores vítimas das lesões nos tendões do punho
O polegar desliza pela tela fazendo a timeline descer, digita veloz os caracteres no WhatsApp, muda de tela, seleciona imagens e memes, envia. E assim, retoma o ciclo de deslizar. Some-se a isso o dia a dia, seja digitando e clicando em um computador, controle de TVs, os trabalhos que exigem o uso repetitivo das mãos e até mesmo segurar um bebê no colo, apoiado em apenas um braço. Todo esse esforço tem levado cada vez mais pessoas, principalmente mulheres, a buscarem médicos ortopedistas com reclamações de dores no punho e ao movimentar o polegar.
As cenas acima, em geral, levam ao diagnóstico de tendinite de “De Quervain” ou de “dedo em gatilho”, duas tenossinovites estenossantes de características similares, mas que atingem regiões ligeiramente diferentes da mão. A primeira acontece nos tendões dos músculos extensor curto do polegar e abdutor longo do polegar, que passam na lateral do punho.
A inflamação é ocasionada pela compressão dos tendões quando fazemos o movimento de desvio ulnar e flexão da mão. O túnel se achata e comprime os tendões causando inflamação crônica. A grande maioria das pessoas acometidas são mulheres no puerpério, por conta de segurar a criança no colo e forçar o punho, e também depois dos cinquenta anos, especialmente naquelas que executam movimentos de torcer, como nos serviços domésticos.
Já o “dedo em gatilho” afeta o primeiro, terceiro e quarto dedos e acontece quando a inflamação do tendão impede a passagem por túneis chamados polias, causando dor na palma da mão e em casos críticos, o travamento dos dedos dobrados, na posição de gatilho.
Segundo o Dr. Felipe Roth, médico ortopedista, especialista em mãos, o dedo em gatilho tem causas semelhantes às da De Quervain, mas surge também em profissionais que fazem muita flexão da mão, como atividades de pegada. Ele ressalta, ainda, que fatores como artrites reumatoides, hipotireoidismo, variações hormonais e o diabete podem facilitar o lesionamento.
Tratamento
Ambas situações podem ser tratadas por meio de intervenção cirúrgica, métodos conservadores (medicamentos anti-inflamatórios, fisioterapia, imobilização com talas, órteses) ou também infiltrativos, conforme a análise de cada caso. Na “De Quervain”, quando existe suspeita de alteração anatômica pode ser necessária a cirurgia no futuro, porém, apenas dez por cento dos casos exigem tratamento cirúrgico. Já no dedo em gatilho, as medidas tradicionais têm bons resultados, mas é comum ser necessária a operação em casos de hipotireoidismo ou diabete que podem perpetuar a lesão.
Flávio Alves sentia muitas dores e dificuldade para movimentar o polegar. Após passar por intervenção cirúrgica com o Dr. Felipe Roth e o processo de recuperação fisioterápico, está feliz por voltar ao trabalho. “Recuperei os movimentos do polegar. Acabou a dor, não tenho mais problema nenhum no punho. Estou trabalhando normalmente sem dor nenhuma”, relata.
Outra paciente que necessitou de procedimento por conta da perda de movimentos é Vilma Blanco de Alencar. Ela conta que a recuperação pós-cirúrgica foi excelente. “O Dr. Felipe fez o procedimento na minha mão e foi bem tranquilo, não tive nenhum problema, nenhuma sequela. Hoje já faço vários trabalhos com a mão operada e não tenho mais dor, nem dificuldades.”
Prevenção
Deixar de usar as mãos é inviável e existem fatores naturais para o surgimento das patologias. Assim, o Dr. Roth aconselha que as mães no puerpério ao segurar o bebê tentem manter o punho o mais reto possível, e quanto ao dedo em gatilho, a recomendação do profissional é evitar o uso excessivo de smartphones, tablets e atividades repetitivas de pega.
Odirley Deotti