Iniciativa promove ressocialização e expande produção de moda fitness e uniformes para o mercado nacional
Duas oficinas de costura em escala industrial foram instaladas no Estabelecimento Penal Masculino de Regime Fechado de Nova Andradina, Mato Grosso do Sul, como parte de uma parceria inovadora entre a Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen) e empresas da região. O projeto visa ocupar a mão de obra carcerária, proporcionando aos internos uma oportunidade de ressocialização enquanto contribuem para a produção de uniformes e moda fitness.
A Via Uniformes LTDA, especializada em uniformes profissionais, foi uma das primeiras a identificar os benefícios de utilizar a mão de obra dos internos. “Nós precisamos de serviço de qualidade, e nessa parceria com a Agepen encontramos uma solução que também gera impacto social positivo”, afirma Camila da Silva Felipe, representante da empresa. Em apenas dois meses, 12 detentos já estão produzindo uma média de 144 uniformes completos por dia.
O sucesso dessa iniciativa incentivou a expansão do projeto para outros presídios. A Via Uniformes está implantando outra oficina de costura no Estabelecimento Penal de Bataguassu, onde a previsão é empregar 20 detentos. Segundo Camila, “essa expansão é uma oportunidade para atender à crescente demanda, evitando a necessidade de terceirização”.
No segmento de moda fitness, a empresa D’LaRouse iniciou sua linha de produção no presídio em maio, com foco em peças comercializadas em plataformas digitais. Daniele Rouse de Oliveira, proprietária da empresa, destaca a qualidade do trabalho realizado pelos internos: “Está desenvolvendo nossa produção de forma inacreditável; a qualidade do trabalho deles é muito boa”.
O impacto da iniciativa foi significativo: só em julho, os detentos produziram 3.335 peças, quase dobrando a produção da empresa. “Nossa meta é alcançar 10 mil peças mensais”, revela Edson Pereira da Silva, sócio da D’LaRouse. Atualmente, 10 internos estão empregados na oficina, com possibilidade de expandir para 30.
Além do salário, os detentos recebem benefícios como a remição de um dia de pena a cada três trabalhados. Rodrigo dos Santos Araújo, que atua na confecção de shorts e camisetas, vê a experiência como uma oportunidade de futuro: “Isso pode ser uma profissão quando eu conquistar a liberdade”.
Na inauguração oficial das oficinas, representantes da Agepen e autoridades destacaram o papel do trabalho na redução da criminalidade e na ressocialização dos internos. “Queremos mostrar que essas pessoas podem ter uma vida diferente e produtiva quando voltarem ao convívio social”, declarou Rogério Capote, diretor do Estabelecimento Penal de Nova Andradina.
Maria de Lourdes Delgado Alves, diretora de Assistência Penitenciária da Agepen, ressaltou que o objetivo é transformar vidas: “Temos exemplos de internos que aprenderam o ofício da costura aqui e se tornaram empresários após a liberdade, empregando outros ex-detentos”.
Fonte e Fotos: Agepen/MS