Campo Grande , 21 de novembro de 2024

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Aumenta o número de gestantes fumantes no Brasil, aponta estudo

  • Postado em 30 agosto 2024
  • Categorias:Cidades

De 2013 a 2019, a proporção de gestantes fumantes passou de 4,7% para 8,5%, enquanto o número de mulheres não grávidas fumantes diminuiu

Um estudo realizado pelo epidemiologista André Szklo, do Instituto Nacional de Câncer (Inca), em colaboração com a Escola de Saúde Pública da Johns Hopkins Bloomberg, revelou um preocupante aumento na proporção de gestantes fumantes no Brasil. Entre 2013 e 2019, a porcentagem de mulheres grávidas que fumam subiu de 4,7% para 8,5%, enquanto a proporção de mulheres não grávidas que fumam caiu de 9,6% para 8,4%.

O estudo, publicado na revista Nicotine & Tobacco Research, destaca que, em 2019, gestantes com menos de 25 anos e com escolaridade inferior ao ensino fundamental completo apresentaram uma taxa de tabagismo superior à das mulheres não grávidas. O pesquisador André Szklo ressalta que esses dados indicam a necessidade de retomar políticas públicas eficazes para reduzir o uso do tabaco, como o aumento de preços e impostos sobre produtos derivados do tabaco.

Outro dado alarmante do estudo é que, em 2019, o uso de dispositivos eletrônicos para fumar (vapes) entre gestantes foi 50% maior do que entre mulheres não grávidas. “Esse dado reflete o marketing da indústria do tabaco, que promove esses dispositivos como menos nocivos, o que não é verdade”, alerta Szklo.

Cerca de dois terços das gestantes fumantes viviam em lares onde o tabagismo era permitido, e o uso de vapes nesses ambientes foi 70% superior ao registrado em residências livres do fumo. “Isso contribui para uma maior aceitação social do tabagismo, perpetuando a dependência de nicotina durante a gestação”, observa o pesquisador.

O monitoramento do uso de tabaco durante a gravidez é fundamental para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, especialmente o que se refere à saúde e bem-estar das próximas gerações. Szklo adverte que fumar durante a gestação traz sérios riscos à saúde, afetando não apenas a mãe, mas também o feto, a criança e o jovem que crescem em ambientes propensos ao tabagismo passivo.

O estudo foi divulgado nesta quinta-feira (29) no Inca, durante o Dia Nacional de Combate ao Tabagismo. Roberto Gil, diretor do Inca, enfatizou a gravidade do problema: “Estamos falando de um produto que prejudica o indivíduo desde a formação inicial no útero. O tabaco precisa ser eliminado, pois mata um em cada dois usuários.”

A pneumologista Patrícia Barreto, do Instituto Nacional Fernandes Figueira, ressaltou que mais de 160 mil crianças no mundo sofrem ou morrem anualmente devido ao tabagismo passivo. Segundo a Organização Mundial da Saúde, até 2020, 22% da população mundial era fumante, sendo 7% mulheres. No Brasil, embora a taxa de fumantes tenha caído desde 1983, a prevalência entre jovens e mulheres não segue essa tendência de queda.

Fonte: Agência Brasil
Fotos: Divulgação/Web

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