Campo Grande , 27 de novembro de 2024

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Audiência Pública pede solução para o problema dos moradores de rua no centro

  • Postado em 17 agosto 2023
  • Categorias:Cidades

A audiência pública que aconteceu nesta quarta-feira (16) no plenário da Câmara Municipal com o tema “Vida nova no centro”, proposta pelo Vereador William Maksoud, teve como objetivo levantar sugestões de ações que devem ser feitas para repovoar a área central da capital.

Durante quase duas horas representantes de Conselhos, entidades sindicais, associações, empresários e moradores falaram dos reais problemas que afugentaram tanto moradores quanto comerciantes da região.

Rosane Nely, presidente da Associação dos Moradores do Bairro Amambaí em sua fala, registrou uma nota de repúdio pela falta de divulgação de tão importante audiência, na qual as associações de bairros, sindicato dos correios, presidente do Camelódromo entre outros empresários e moradores da região central não foram convidados, tendo as entidades presentes, sido alertadas por ela própria. “Não há como discutir o centro sem ouvir os moradores, os empresários. Vocês sabiam que 70% da rede hoteleira está no Bairro Amambaí? Que a maioria do patrimônio tombado: Morada dos Baís, Mercadão, Casa da Maçonaria, Igreja do Perpétuo Socorro está no Bairro Amambaí ?”, questionou.

Ela citou a antiga Rodoviária, que virou um dos principais pontos de usuários de drogas há anos. Para ela não há como discutir a revitalização do centro sem antes ter políticas públicas para tratar dos dependentes químicos e moradores de rua que por ali transitam. “O Bairro Amambaí é o primeiro bairro de Campo Grande e precisa ser olhado com mais carinho. Já sofremos muito com esse abandono”, disse.

O morador da Av. Ernesto Geisel, Paulo Sérgio Calves, que também teve direito à palavra, começou falando que a situação de quem mora no centro tem sido muito difícil. Ele já sofreu três roubos de fiação em sua residência, dois assaltos e furto de um relógio.

Já o presidente do Conselho Comunitário de Segurança da Região Central (CCSRC), José Luiz Kreutz citou que o esvaziamento do centro é provocado pela especulação imobiliária, pelos prédios abandonados e também citou a falta de políticas públicas para tratar dos problemas causados pelos moradores de rua. “Toda essa carga desse problema acaba caindo nas costas dos Conselhos, da Polícia, da Guarda Metropolitana e dos empresários que lutam para manter suas famílias. “Comércios são arrombados a noite, furtos de fios indiscriminadamente. Precisamos ter mais fiscalização porque, aonde vai esse material que é roubado no centro?”. Ele questionou também a atuação da SAS (Secretaria de Assistência Social), que quando convidada a prestar esclarecimentos, não apresenta um projeto concreto.

O Conselheiro do Conselho da Região Urbana do Centro e presidente do Bairro Cabreúva, Eduardo Cabral, falou da insegurança na região do bairro que aumentou com o fluxo de dependentes químicos e moradores de rua que têm migrado da antiga rodoviária, que acabam afugentando visitantes e comerciantes. “Ontem mesmo uma idosa teve seu celular roubado na Orla Morena. Graças a intervenção de moradores e da PM, conseguimos prender o ladrão e o celular foi recuperado”, contou.

Para a Conselheira do CCSRC, Suki Ozaki, a conta não fecha. Ela citou um censo realizado pela SAS com moradores de rua, que apontou 1.400 pessoas vivendo na região Central. “Se hoje esses 1.400 quiserem se tratar, não há vagas suficientes, que são cerca de 400 vagas ofertadas na capital em comunidades terapêuticas”. Para ela é necessário um esforço conjunto de todos para resolver esse problema, das secretarias de Segurança Pública, da Saúde, da Assistência Social e do Ministério Público para tentar encontrar uma solução. “Não há como falar de revitalização do centro, trazer comércios, moradores, construções, sem antes tratar com dignidade os dependentes químicos. Segundo a OMS, a dependência química é uma doença e, portanto, tem de ser tratada e ofertar tratamento adequado é um dever do Poder Público”, disse.

Os participantes levaram cartazes com frases as seguintes frases: “Não há como revitalizar o centro de Campo Grande sem antes resolver o problema dos moradores de rua”; “Os dependentes químicos são um problema de Saúde Pública, de Segurança Pública e da Assistência Social. Sem a união de todos. Não há solução”; “Precisamos reativar os leitos psiquiátricos para tratar os dependentes químicos. Isso é dar dignidade”; “Precisamos de políticas Públicas eficazes para tratar os dependentes químicos”.

Entre os encaminhamentos a serem dados à audiência pública, a Câmara ficou de criar uma comissão para avaliar junto à prefeitura, o que pode ser feito.

Assessoria CCSRC

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